As Raças Wagyu são únicas, se caracterizam excepcionalmente pela qualidade de sua carne, mais precisamente por seu marmoreio.
Assim como as demais raças bovinas, o Wagyu também está sujeito a apresentar condições genéticas indesejáveis. Felizmente com a evolução da genética e tecnologia, hoje já contamos com testes genômicos que permitem identificar aqueles indivíduos superiores e livres dessas condições.
Ainda pouco conhecidas no Brasil, as principais condições genéticas recessivas, apesar de causarem prejuízos aos criadores, podem ser facilmente evitadas.
As doenças genéticas recessivas são:
Esferocistose (B3) – Este é um distúrbio da membrana superficial do eritrócito (glóbulos vermelhos). A proteína do gene B3 compõe a estrutura básica do eritrócito. Bovinos que são homozigotos (têm duas cópias do recessivo alelo) têm anemia perniciosa (sangramento causado pelos glóbulos vermelhos anormais). A morte normalmente ocorre nos primeiros 7 dias após o nascimento.
Síndrome de Chediak Higashi (CHS) – CHS é um distúrbio de macrófagos (um glóbulo branco que tem um papel importante na resposta imune à doença). Se o aniamal tem um sistema imunológico defeituoso, isso o torna incapaz de resistir a qualquer desafio bacteriano. O sangue é lento para coagular, um dos primeiros indicadores desta desordem é uma hemorragia incomum do cordão umbilical no pós-parto. Os indivíduos com esta síndrome geralmente têm uma cor de pelagem incomumente pálida.
Deficiência de Claudina 16 (CL16) – CL16 (também conhecido como RTD ou displasia tubular renal) é um distúrbio genético no cromossomo 1 e causa insuficiência renal (nefrite intersticial crônica, muitas vezes com fibrose zonal ou excesso de tecido conjuntivo fibroso). Esse distúrbio resulta em insuficiência renal terminal e o início pode ocorrer a qualquer momento a partir do final da adolescência. É improvável que o animal viva mais de 6 anos.
Deficiência do fator XI (F11) – F11 é uma proteína plasmática que participa da formação de coágulos sanguíneos. A deficiência do fator XI é um distúrbio autossômico que está associado a sangramento leve no gado Wagyu. Os animais afetados apresentam tempo de sangramento prolongado e coagulação anormal do plasma após trauma ou procedimentos cirúrgicos, como castração ou descorna. Também é possível que os acasalamentos Portador x Portador tenham maior dificuldade em produzir embriões fertilizados viáveis.
Nota – esta é geralmente uma condição recessiva não letal, os animais afetados sendo capaz de viver e se reproduzir normalmente. (Condição comum no gado Holandês)
Distúrbio IARS – O distúrbio IARS resulta na morte de bezerros afetados nas últimas semanas de gestação, ou logo após o nascimento. A pesquisa identificou uma mutação no gene IARS como a causa, resultando em uma redução na atividade de uma enzima chave, importante para a síntese de proteínas para o desenvolvimento do feto e do recém-nascido. Os bezerros afetados por isso apresentam anemia, depressão, fraqueza, temperatura corporal variável, dificuldade em amamentar, retardo de crescimento e suscetibilidade a infecção.
Nota – Existem outras condições genéticas recessivas conhecidas no gado Wagyu (por exemplo, F13), no entanto, elas não foram identificadas na população Wagyu da Austrália.
Como são herdadas essas condições?
Todas as condições citadas são manifestadas por genes recessivos, transmitidos geneticamente entre indivíduos. Para que o animal manifeste as condições, é necessário que o mesmo possua duas cópias do gene indesejável em seu DNA. Ou seja animais que carregam uma copia do gene devem ser idenficados a fim de evitar o acasalamento com outro animal com apenas uma copia, aumentando a chance de perpetuar e causar maiores percas a seus produtos.
O que acontece quando animais portadores desses Genes são acasalados?
Animais com apenas uma cópia do gene indesejável e uma cópia da forma normal do gene (ou seja, sem sintomas), são conhecidos como “portadores”. Um portador, em média, passará a forma indesejável do gene para 50% arbitrários de sua progênie. Quando um touro portador e vaca portadora são acasalados, os três resultados podem ser:
- Há 25% de chance de que a progênie tenha dois genes normais e, portanto, nunca transmita o gene indesejável.
- Há 50% de chance de que o acasalamento produza um portador (herde uma cópia do gene indesejável).
- Há uma chance de 25% de que a progênie herde duas cópias do gene indesejável e, portanto, seja
uns casos vivem até a idade adulta, mas há um retardo grave no crescimento.
afetada pelo condição genética.
Quando um animal portador é acasalado com um animal testado livre da condição genética, três resultados são possíveis:
- Toda a progênie parecerá normal e não será afetada pela condição.
- Há 50% de chance de que o acasalamento produza um portador.
- Há 50% de chance de que a progênie produzida tenha dois genes normais e, portanto, nunca transmita o gene indesejável.
Observe que um animal que é testado pelo teste de DNA da condição genética não passará a condição genética para seus descendentes, ainda que tenha portadores em sua própria ascendência. Portanto, animais livres testados por DNA podem ser usados em programa com a confiança de que o gene desfavorável não é passado para as gerações subsequentes.
Como evitar perpetuação em seu rebanho?
No brasil ainda não temos como identificar os animais portadores. A fim de evitar maiores transtornos, é necessário atentar-se aos touros que já temos avaliados na Austrália e estão disponíveis no Brasil.
Cuidado também deve ser tomado ao fazer os acasalamentos, a fim de evitar que animais portadores sejam acasalados entre sim.
Fonte: AWA.