Desde sempre Wagyu é sinônimo de luxo. O caviar da vaca. O champanhe do carnívoro. E então, no mês passado, encontrei meu primeiro restaurante dedicado ao Wagyu em um shopping comercial, tradicional e suburbano. Eu não podia acreditar no que estava na frente de meus olhos. Ali, aninhado entre um comércio qualquer e um cinema decadente, havia um restaurante tão brilhante, tão caro, que meu cérebro imediatamente o marcou como um fracasso: apenas mais um “conceito” ambicioso de restaurante que não entende o mercado ou a área. Só que estava lotado. Mesas e mais mesas de fregueses bem-vestidos cortando bifes Wagyu, sorrindo sorrisos manchados de vinho tinto e gastando pequenas fortunas. Não foi um fracasso. Foi um negócio que soube bem aproveitar o momento econômico e gastronômico.
Desde que as proibições das exportações japonesas de Wagyu para os EUA e a Europa foram suspensas em meados da década de 2010 (um resultado duradouro dos temores da doença da vaca louca), a tradicional produção de carne bovina milenar japonesa tomou conta da indústria; graças, em grande parte, ao Japan Food Product Overseas Promotion Center. Naquela época, o Centro – também conhecido como JFOODO – foi estabelecido para fortalecer a competitividade global da agricultura, silvicultura, pesca – e produtos alimentícios em geral – de origem japonesa por meio de esforços de branding, promoção e apoio à exportação.
E os profissionais envolvidos têm feito isso em abundância. Ao fazer parceria com chefs, supermercados, escritores de culinária e muito mais, o Wagyu realmente parecia aparecer em todos os lugares – de franquias de hamburger, até tradicionais restaurantes de churrascaria. Mesmo que você não soubesse o que era Wagyu, você o queria. Bastante impressionante para o que é – efetivamente, apenas um tipo de carne bovina. Um tipo maravilhosamente marmorizado, de sabor rico, que derrete na boca, mas ainda assim um tipo específico de carne bovina.
De acordo com o MAFF (Ministério da Agricultura, Florestas e Pescas do Japão), a exportação de carne bovina japonesa atingiu seu maior número em 2021, com 7.879 toneladas no valor de 536,8 bilhões de ienes (cerca de US$ 4.036.548.120). Só a exportação de Wagyu para a UE aumentou em 62,6%, atingindo 297 toneladas no valor de 29,1 bilhões de ienes (aproximadamente US$ 218.651.580).
A popularidade do Wagyu levou até à criação do gado fora do Japão, como ocorre atualmente no EUA e Austrália, onde estão se tornando cada vez mais populares entre os consumidores. De acordo com um relatório recente da Allied Market Research, o mercado global de carne Wagyu está projetado para atingir um valor comercial de cerca de US$ 11,1 bilhões até 2027.
À medida que esses números continuam a subir, uma coisa torna-se cada vez mais clara: o Wagyu não é mais apenas um item alimentar de luxo. É um investimento, um em que todo o mundo, em todos os lugares, parece estar brincando com. Mesmo em shoppings comuns.
Traduzido a partir de artigo original da Forbes.